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Abril 3, 2023

Por Portugal!


Como o BayCoast ajudou “The Azorean Green Bean” a trazer os sabores da cultura portuguese para a televisão

“Tenho fãs realmente fantásticos. Estou muito agradecida a todos.”

A Maria Lawton agradece. A cozinheira doméstica que reside em South Coast e é conhecida profissionalmente como The Azorean Green Bean, tornou-se um nome conhecido graças ao sucesso do seu programa na PBS, Maria’s Portuguese Table.

A Maria nunca imaginou que algum dia seria uma celebridade televisiva. Isso não aconteceu assim de repente e poderia mesmo nunca ter acontecido, se não tivesse sido o BayCoast Bank.

Lawton nasceu na ilha portuguesa de São Miguel, a maior ilha do arquipélago dos Açores, localizada no Oceano Atlântico. O vulcão dos Capelinhos, na ilha do Faial, esteve em erupção entre os dias 27 de setembro de 1957 e 24 de outubro de 1958, causando uma devastação enorme. Perderam-se centenas de casas, o que obrigou à evacuação de quase 1800 pessoas da ilha do Faial, a maioria das quais optou por emigrar para os Estados Unidos. Em 1958, os congressistas americanos John F. Kennedy e John O. Pastore criaram a Azorean Refugee Act, que permitia a emigração para os Estados Unidos da população das nove ilhas.

Maria e os seus pais foram uma dessas famílias.

“Tinha seis anos quando cheguei aqui com a minha mãe e o meu pai. A família da minha mãe veio uns anos antes de nós, mas a família do lado do meu pai ficou toda nas ilhas. Embora sentíssemos muito a sua falta, esta situação criou uma ligação muito forte com as minhas raízes e tradições portuguesas.”

Lawton cresceu na zona sul de New Bedford, numa casa multifamiliar com os seus pais, avós maternos e ainda a sua tia e tio. Cozinhar sempre foi uma parte importante da sua vida.

“Regressava a casa da escola e se a minha mãe não estivesse a cozinhar no primeiro andar, corria para o segundo andar para ver qual era o bolo que a minha avó estava a fazer. Estes sabores e cheiros trazem-me muitas memórias maravilhosas da minha infância.”

Ao crescer, Lawton diz que enfrentou situações de bullying na escola por ser portuguesa, mas nunca deixou que isso tomasse conta dela. “Aprendi uma grande lição com o meu avô, que adorava ler e tinha sempre um livro na mão. Depois da escola, sentava-me a ouvir as histórias dos famosos descobridores portugueses. Por isso, desde muito jovem, cresci a pensar que descendia de pessoas fantásticas. Foi assim que consegui ignorar todos os nomes que me chamavam quando era pequena, porque sempre tive muito orgulho de quem era e das minhas origens. Respondia a esses miúdos “quem te dera ser português!’”

Anos mais tarde, a mãe, o pai e avó materna de Lawton faleceram num curto espaço de tempo. Ela lembra-se de pensar: “A vida é curta. Quando a minha mãe faleceu, a dinâmica da nossa família mudou. Era importante continuar as tradições da nossa família. Queria recriar todas as receitas maravilhosas de que me lembrava quando era pequena, para que as minhas três filhas, bem como as minhas sobrinhas e sobrinhos nunca se esquecessem das suas origens.”

Foi assim que surgiu o seu livro de cozinha Azorean Cooking: From My Family Table to Yours. “Tinha de deixar alguma coisa para a minha família”, acrescenta Lawton.

Quando escreveu o livro, Maria precisou de criar um nome de empresa; Azorean Green Bean parecia o nome perfeito. “Fui buscar o verde por causa de São Miguel, que é conhecida como a Ilha Verde, e a palavra fava vem do nome “fava” que usavam para me tentar irritar quando era criança.”

O livro de cozinha tornou-se um êxito de vendas na Amazon e foi a partir daí que surgiu a ideia de fazer um programa de televisão.

“O Ciao Italia com a Mary Ann Esposito é o programa de culinária mais antigo da América, que estreou em 1989. É o programa de culinária italiana mais antigo da PBS e começou na Rhode Island PBS. Uma pessoa amiga sugeriu que apresentasse à estação a ideia de um programa de culinária portuguesa, porque nunca tínhamos tido um programa na televisão dedicado à gastronomia e cultura portuguesas. Então, liguei para a Rhode Island PBS e sugeri a ideia, mas não estava a pensar em produzir o programa. A resposta deles foi, ‘Claro, Maria, adoramos a ideia, avança com isso’.”

Demorou alguns anos a arrancar com a primeira temporada, porque angariar fundos suficientes para produzir o programa foi um desafio.

“Ninguém faz um programa na PBS pelo dinheiro. Faz-se por amor. É um trabalho de amor. Queria mostrar a minha cultura a um grande público porque tenho muito orgulho em ser quem sou. Foram quatro anos a bater às portas e a ouvir não atrás de não, até conseguir encontrar alguém que acreditasse em mim.”

Esse alguém foi o Presidente e Diretor Executivo do BayCoast Bank, Nicholas M. Christ.

“Adoro aquele homem”, diz Lawton muito emocionada, que conseguiu agendar uma reunião com Christ através de uma pessoa amiga. “Conversámos e expliquei-lhe o financiamento de que necessitava para realizar o programa e a sua resposta foi: ‘Está tudo dito… vamos a isso’.”

Lawton continua, “Ele acreditou em mim e no que estava a fazer e fiquei muito comovida e impressionada pelo seu apoio. Teve um significado muito especial para mim e, por fim, poderia produzir o meu programa. A primeira temporada foi incrível. Criei uma relação com os meus fãs, não apenas localmente, mas também por todo o país quando o programa foi transmitido a nível nacional. Tem sido muito gratificante.”

A segunda temporada de Maria’s Portuguese Table estreou os primeiros oito episódios na Rhode Island PBS, no domingo, 2 de abril de 2023. A temporada dois será transmitida a nível nacional pouco depois. A Maria diz que se sente muito honrada e abençoada por ter esta oportunidade.

“Vivemos num país de imigrantes e tendemos a esquecermo-nos disso. Todos têm a sua própria história. Viemos para a América à procura de melhores oportunidades. Ninguém das nossas famílias deixou o seu país porque estava a viver bem. Queríamos uma vida melhor para a nossa família e para as gerações futuras.”

Lawton acrescenta, “Estou muito grata pela minha família e estou grata ao BayCoast por me ajudar a levar a gastronomia e a cultura portuguesas para a televisão.”